Este programa foi gravado durante da apresentação do livro “Controlo e Automação Industrial – Indústria 4.0” que se realizou no dia 16 de Maio, na livraria Bertrand (Centro Comercial ALMA em Coimbra). O E se…é um Programa de J. Norberto Pires, para o Coimbra Canal, com a realização de Rijo Madeira.

Este episódio, pela relevância das intervenções, reflete uma visão e uma estratégia industrial e de cooperação universidade-indústria para Coimbra

Um dos assuntos em que penso que Coimbra tem condições para ter um papel relevante é o da estratégia nacional para a Indústria 4.0. Envolvi-me em inúmeras iniciativas em consórcio, liderei e/ou fiz parte de vários grupos de trabalho que visavam construir competência, agregar pessoas e iniciativas diferenciadoras, individualmente demonstrei interesse neste assunto, reuni financiamento (nacional e comunitário), procurei agregar grupos nacionais e estrangeiros, constituindo consórcios competitivos, e apresentei realizações.

A região de Coimbra, no entanto, foi deixando passar o barco. Outras regiões, como por exemplo Braga e Guimarães (Universidade do Minho), como muito menos trabalho inicial realizado, tomaram a dianteira e, associados a grandes grupos económicos (como a Bosch, por exemplo), apresentam-se como pontas de lança de uma estratégia que tem enorme potencial científico, industrial e de criação de emprego.

Seria importante que as entidades que gerem a região, nos aspetos científicos, técnicos, formativos e operacionais, fossem capazes de a pensar a médio e longo prazo, identificando as oportunidades, os investimentos e a capacidade de definirmos estratégias que permitam desenvolver e diferenciar a região.

Ao invés, vivemos em pequenos mundos, cheios de pruridos e preconceitos, isolados uns dos outros, incapazes de perceber que neste rumo, nesta indiferença, tudo nos passará ao lado, sucessivamente, num caminho que terá como resultado o que é já evidente: a irrelevância.

A indústria portuguesa é uma indústria de nicho. Nunca será, até pela dimensão do país, uma indústria de produção em larga escala. Nessa perspetiva, dependeremos sempre, e ainda bem, da competência humana, do saber fazer com qualidade, aliando aspetos tecnológicos digitais, robotizados e automáticos, com aspetos que exigem intervenção humana em considerável escala.

Os mercados para que respondemos e dirigimos os nossos produtos, procuram diferenciação, qualidade e um conjunto de mais-valias que recomendam a incorporação de trabalho humano. Estão, por isso, preparados para pagar mais por essa qualidade e diferenciação.

Consequentemente, uma estratégia nacional para a Indústria 4.0 deve incorporar os objetivos de países como a Alemanha, Japão e países asiáticos, por exemplo, mas realizando uma estratégia adaptada aos objetivos que queremos atingir.

Nessa perspetiva, tecnologias em que nos podemos diferenciar, como a fabrico aditivo / impressão 3D de metais e cerâmicas técnicas, aplicados a inovadores processos de fabrico, deveriam merecer uma atenção especial da CCDRC, da Câmara Municipal, mas especialmente da Universidade e do Politécnico.

Este programa é um contributo para essa estratégia que urge desenvolver. Foi realizado durante a apresentação do livro “Automação e Controlo Industrial – Indústria 4.0” e conta com a participação de:

Amilcar Falcão – Reitor da Universidade de Coimbra

Luís Simões da Silva – Vice-Reitor da Universidade de Coimbra

Ana Lehmman – Professora da Universidade do Porto e ex-Secretária de Estado da Indústria

António Mira – Diretor da Automação e Indústria da Siemens Portugal

Ricardo Patrício – CEO da Active Space Automation

Frederico Annes – CEO da Lidel

J. Norberto Pires – Professor da Universidade de Coimbra

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