O HOSPITAL ADIADO O Hospital da Compaixão em Miranda do Corvo é algo que me deixa perplexo. Custou 7 milhões de euros, foi construído com dinheiro da Fundação ADFP e uma pequena parte da Câmara Municipal de Miranda do Corvo. Está pronto a funcionar. Tem equipamento do mais avançado que existe. Mas não tem autorização para abrir, nem o SNS responde sobre os necessários protocolos que permitam que o hospital preste serviço numa região de interior. Ainda esta semana o Governo apresentou uma pacote de quase 500 milhões de euros para atrair pessoas para o interior, prometendo incentivos de quase 5 mil euros por pessoa. Pois aqui está uma medida bem mais simples e mais barata: baste permite que bara o Hospital da Compaixão. De certeza que vai atrair mais gente para o interior, pois essas pessoas vão sentir-se mais apoiadas e seguras nessa complicada decisão de mudar para o interior.
Infelizmente, mais uma vez, todo o vale do Mondego sofreu mais uma cheia que destruiu bens, meios de produção industriais e agrícolas, afetou transportes e deixou com o coração nas mãos vários milhares de pessoas. Tudo isto, para além de desanimador, é absolutamente desesperante. É verdade que no Inverno chove e, apesar de darem nomes fofinhos às intempéries, os efeitos do mau tempo podem resultar em estragos significativos. No entanto, construiu-se há cerca de 40 anos um sistema, denominado Empreendimento de Fins Múltiplos do Baixo Mondego, que visava controlar a natureza rebelde do rio Mondego e seus afluentes, evitando assim as cheias frequentes que alagavam a cidade de Coimbra e as populações até à Figueira-da-foz. Esse sistema, apesar de muito bem pensado, não é, nem poderia ser, infalível, mas foi planeado para ser capaz de evitar a maioria das situações que davam origem a cheias. Na verdade, desde que entrou em funcionamento, e enquanto o sistema era novo (não eram críticos os efeitos de ausência de manutenção), não houve problemas de maior. No entanto, em 2001, regista-se de novo uma grande cheia em todo o vale do Mondego.
Nessa altura, assim como nas cheias seguintes de 2016 (duas consecutivas nesse mesmo ano), os relatórios de análise da situação apontavam causas gravíssimas:
1) Total ausência de manutenção do sistema, o que, como é fácil de entender, potenciava falhas nos equipamentos, e com isso eventos graves de cheias e perdas de bens materiais, para além de colocar em risco a vida humana, por deficiente funcionamento do sistema;
2) O facto de ser uma obra inacabada, isto é, não tinham sido regularizados, como fazia parte do projeto original, os vários afluentes do Mondego, faltavam equipamentos (por exemplo, das 6 bombas de alto débito planeadas para estar a jusante do açude e que deveriam retirar do rio aproximadamente 500 m3/s de água, só uma tinha sido instalada);
3) O facto de ser uma obra com 40 anos, projetada num determinado cenário, tendo em conta a ocupação do território e as opções tecnológicas da altura. Todas as obras de engenharia têm de ser avaliadas, de tempos a tempos, revisitando os projetos, de forma a adaptá-las à nova realidade e melhorar o seu desempenho tendo em conta novas soluções tecnológicas. Em 40 anos, para além de não ser mantido, este empreendimento não foi revisitado;
4) O facto de não existir nenhuma entidade de gestão que permitisse garantir as tarefas acima mencionadas, mas também monitorizar o rio e os seus afluentes e instalar sistemas de vigilância essenciais para uma resposta célere, segura e eficaz. Uma entidade de gestão que tivesse ainda a autoridade necessária para avaliar qualquer obra que fosse planeada na sua área de intervenção, acautelando assim a eficácia global do sistema;
5 ) Não foi ajustada, à medida da evolução dos tempos e das novas circunstâncias, a forma como eram/são geridas as barragens do Mondego, nomeadamente a Aguieira, exigindo parâmetros de gestão não somente economicistas e mais adaptados ao dia-a-dia das populações. Por exemplo, existem relatos, não confirmados, de que nesta cheia de 2019, a barragem da Agueira esteve em risco sério de colapso. O que torna incompreensível o cancelamento, em 2016, da Barragem de Girabolhos. Na verdade, essa barragem, que fazia parte do plano original de intervenção no rio, foi cancelada em 2016, também, por este ministro que agora queria mover aldeias. O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, diz que a obra não avançou em 2016 por “pressão política” do Bloco de Esquerda e do Partido Ecologista Os Verdes, que queriam rever os termos do acordo que já tinha sido assinado. É importante que isso seja esclarecido com urgência.
Acresce que o rio Mondego, por exemplo, sofreu obras de desassoreamento em 2017 e 2018. No entanto, os inertes removidos do leito do rio foram usados para fazer um aterro gigantesco a jusante do açude e uma parte para uma nova praia fluvial a norte do açude. A QUERCUS alertou nessa altura para a insensatez desse aterro, fazendo vários avisos de que os efeitos seriam os de potenciar novas cheias e dificuldades nas terras a jusante de Coimbra. Bateram na porta errada, ninguém lhes ligou. As consequências estão à vista.
Para além disso, com incêndios, ausência de limpeza das matas, total desordenamento da floresta, etc., os resíduos florestais, matéria ardida, etc., vão parar ao rio sempre que as condições climatéricas são adversas. Basta ver a quantidade enorme de árvores partidas que o rio transportava, muitas das quais são ainda visíveis nos pilares da Ponte Pedonal, da ponte de Santa Clara e no Açude. Tudo isso contribuiu para esta cheia, para a pressão sobre os diques e para o colapso de todo o sistema.
Ao contrário do que disse o insensato Ministro do Ambiente, que, depois de ter autorizado um Aeroporto Internacional no estuário do Tejo, queria mudar de sítio as aldeias de Montemor, não precisamos de mudar as aldeias de sítio. Precisamos que aprendam que não podem construir em leito de cheia, que temos de respeitar o rio, mas acima de tudo, que temos todos de exigir que o sistema de engenharia desenhado para o controlar seja revisitado, revisto, finalizado, mantido, gerido e monitorizado. Isso é essencial para o nosso futuro e não pode continuar desta forma. São os cidadãos que o têm de exigir, pois por iniciativa das autoridades públicas isso não irá acontecer, como os factos demonstram.
Texto publicado no Diário As Beiras de 28 de Dezembro de 2019
Agradecimentos: Miguel Franco e Álvaro Cadima, pela cedência de imagens.
Durante o Workshop em Indústria 4.0 organizado na Universidade de Coimbra, com a participação da Indústria e da Academia. Esta é uma área estratégica para a UC, bem identificada pela sua unidade UC Business. Na foto, o painel final com Marco Reis (Engenharia Química, organizador), Enrique Del Castillo (Penn State University, USA) e César Toscano (INESC TEC).
We just tested our mobile manipulator prototype at ActiveSpace Automation headquarters. It’s basically a Kassow Cobot on top of a ActiveSpace AGV1, a Barret Hand and a remote application that enables the user to ask the system to pick and place parts. Check videos bellow. The system was designed, modeled and simulated using the 3D package Solid Edge from Siemens.
A Siemens Porto (Freixieiro, Maia) comemorou os seus 25 anos no dia 9 de Julho de 2019. Para além disso, inaugurou vários centros de co-criação, em áreas como o i4.0, a segurança, etc. Foi muito interessante assistir ao seu rodmap, mas também rever muitos dos amigos da Siemens e de empresas associadas à Siemens. Parabéns 🙂
We organize the EMAF Innovation Contest since 18 years ago.
The EMAF (biggest Portuguese industrial exhibition in Mechanical Engineering, Robotics and Machines) intends to reinforce the R & D and innovation components of the event, highlighting its crucial importance for the development of the production technology industry. In this framework, it launched the challenge for all EMAF exhibitors to participate in the 9th Innovation Competition, in a partnership with J. Norberto Pires and Revista Robótica. Intended for the exhibitors registered in the EMAF, the competition evaluates the aspects of design, originality and operationality of the products presented.
Este episódio, pela relevância das intervenções, reflete uma visão e uma estratégia industrial e de cooperação universidade-indústria para Coimbra
Um dos assuntos em que penso que Coimbra
tem condições para ter um papel relevante é o da estratégia nacional para a
Indústria 4.0. Envolvi-me em inúmeras iniciativas em consórcio, liderei e/ou
fiz parte de vários grupos de trabalho que visavam construir competência,
agregar pessoas e iniciativas diferenciadoras, individualmente demonstrei
interesse neste assunto, reuni financiamento (nacional e comunitário), procurei
agregar grupos nacionais e estrangeiros, constituindo consórcios competitivos,
e apresentei realizações.
A região de Coimbra, no entanto, foi
deixando passar o barco. Outras regiões, como por exemplo Braga e Guimarães
(Universidade do Minho), como muito menos trabalho inicial realizado, tomaram a
dianteira e, associados a grandes grupos económicos (como a Bosch, por
exemplo), apresentam-se como pontas de lança de uma estratégia que tem enorme
potencial científico, industrial e de criação de emprego.
Seria importante que as entidades que gerem
a região, nos aspetos científicos, técnicos, formativos e operacionais, fossem
capazes de a pensar a médio e longo prazo, identificando as oportunidades, os
investimentos e a capacidade de definirmos estratégias que permitam desenvolver
e diferenciar a região.
Ao invés, vivemos em pequenos mundos,
cheios de pruridos e preconceitos, isolados uns dos outros, incapazes de
perceber que neste rumo, nesta indiferença, tudo nos passará ao lado,
sucessivamente, num caminho que terá como resultado o que é já evidente: a
irrelevância.
A indústria portuguesa é uma indústria de
nicho. Nunca será, até pela dimensão do país, uma indústria de produção em
larga escala. Nessa perspetiva, dependeremos sempre, e ainda bem, da
competência humana, do saber fazer com qualidade, aliando aspetos tecnológicos
digitais, robotizados e automáticos, com aspetos que exigem intervenção humana
em considerável escala.
Os mercados para que respondemos e
dirigimos os nossos produtos, procuram diferenciação, qualidade e um conjunto
de mais-valias que recomendam a incorporação de trabalho humano. Estão, por
isso, preparados para pagar mais por essa qualidade e diferenciação.
Consequentemente, uma estratégia nacional
para a Indústria 4.0 deve incorporar os objetivos de países como a Alemanha,
Japão e países asiáticos, por exemplo, mas realizando uma estratégia adaptada
aos objetivos que queremos atingir.
Nessa perspetiva, tecnologias em que nos
podemos diferenciar, como a fabrico aditivo / impressão 3D de metais e
cerâmicas técnicas, aplicados a inovadores processos de fabrico, deveriam
merecer uma atenção especial da CCDRC, da Câmara Municipal, mas especialmente
da Universidade e do Politécnico.
Este programa é um contributo para essa estratégia que urge desenvolver. Foi realizado durante a apresentação do livro “Automação e Controlo Industrial – Indústria 4.0” e conta com a participação de:
I started with this park in the summer of 2007, when the project was basically an idea. Under my administration, we prepared all the projects, obtained the necessary funds and kick-started the construction. We also designed all the communication plan and made the first agreements with companies that choose iParque to be their location. We also planned the incubator/accelerator of the park, along with its services for companies, and obtained the necessary funds to built it.
Bellow, video of the presentation of the park (2010) where we had the visit of two Secretaries-of-State: Science (Leonor Parreira) and Innovation (Carlos Oliveira).
No dia 27 de Junho estarei na conferência “Competitividade disruptiva: uma estratégia para o futuro“, organizada pelo Portugal Financial Forum com o apoio do Jornal Económico, entre outras entidades (ActivTrades, Axians e ISCAP – Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto).
Num mundo globalizado a luta pela competitividade não dá tréguas, daí que hoje não faça sentido falar apenas em ser mais competitivo mas sim em ser o mais competitivo.
Com os primeiros passos a serem dados na nova revolução tecnológica, que promete ser mais célere e violenta que qualquer uma das suas antecessoras, é importante criar uma estratégia para Portugal não ficar desde logo para trás.
Disrupção que contudo não é a única fonte de maior valor acrescentado, pois apesar do elevado grau de desenvolvimento, existe ainda um longo caminho a percorrer para suprir as falhas de valores e organizacionais, que obstaculizam a que a economia nacional seja mais competitiva.
Serão estes os temas actuais e prementes que os nossos convidados e audiência irão debater, fomentando assim a literacia económica e financeira, ferramenta essencial para uma sociedade mais capacitada.
Oliveira do Hospital ardeu depois de Pedrógão. Morreram muitas pessoas, várias famílias ficaram destruídas e isso nunca ficará bem e nunca se resolverá. São marcas que ficam para a vida toda, são memórias que voltam, de tempos a tempos, e atormentam.
O que ardeu foi praticamente tudo. Ardeu a floresta e espaço verde de lazer. Na verdade, o verde praticamente desapareceu.
(9º episódio do programa “E se…”, um programa que faço para o COIMBRA CANAL, com a realização de Rijo Madeira)
Arderam as empresas e o emprego de muita gente. Depois das mortes, este é o drama mais significativo.
Os custos associados a estes incêndios medem-se em vidas perdidas, famílias destruídas, floresta perdida, negócios arrasados e um efeito muito significativo na esperança num futuro melhor. De tudo, apesar de certas coisas não terem solução, o mais difícil de recuperar é o ânimo necessário recomeçar tudo de novo. Esse é o maior custo, porque apesar de tudo a vida continua, e aquele aspeto que merece uma atenção muito especial.
Os incêndios deste verão mostram um país desorganizado e impreparado para estes eventos naturais. O “E se…” quis mostrar essa realidade, deixando claro que é nossa obrigação garantir que vamos construir um país que estará preparado e é solidário com quem é atingido pela calamidade. E essa é uma resolução que todos temos de tomar e realizar.
Exige-se que o Governo e as entidades regionais percebam que esse processo de reconstrução exige incentivos muito significativos, de pelo menos 85%. Eu diria que o país tem a obrigação de apoiar quem perdeu tudo e quer renascer, produzir e criar emprego.
Ouvimos os empresários que nos falavam de uma discriminação negativa de Oliveira do Hospital, referindo que o apoio prometido pelo Governo teria aqui um incentivo (70%) menor do que em Pedrógão (85%). Não percebemos a discriminação, nem a aceitámos. Aliás, consideramos que os incentivos deveriam ser até superiores a 85% nos dois locais, pois estes incêndios mostraram também uma completa falência do Estado e dos serviços de proteção civil.
Tem a palavra o Governo e a CCDRC.
Esperamos que o Senhor Presidente da República esteja atento ao que está a acontecer e atue no sentido de acelerar os apoios e garantir que se efetuam com a dimensão necessária.
Este vídeo faz parte de uma apresentação com o mesmo nome sobre a Indústria 4.0 e a necessidade de pensar os impactos sociais, nomeadamente a pressão no emprego e nos salários. para além dos slides da apresentação, o vídeo contém imagens de vídeos públicos da GTAI (German Trade and Invest), da Volkswagen e da Intel, e que foram usadas para ilustrar conceitos associados à Indústria 4.0.
A Associação de Consultores de Investimento e Inovação de Portugal organizou em Lisboa, no Auditório do Banco MillenniumBCP, o 1º Congresso de Consultores, no qual tive o enorme prazer de participar. Apresentei um tema que me tem preocupado nos últimos tempos: o impacto social das transformações tecnológicas que estamos a observar e que, genericamente, designamos como 4ª revolução industrial.
A minha apresentação faz uma breve revisão das várias transformações tecnológicas que verificamos desde a 1ª revolução industrial (1740) até aos dias de hoje. São cerca 277 anos vertiginosos, que nos conduziram de uma economia rural até a um mundo que caminha a passas largos para a total digitalização, para os sistemas embebidos que procuram ligar-se em rede e oferecer serviços avançados (sistemas ciber-físicos), para as máquinas com capacidades cognitivas, para a distribuição da capacidade de processamento e tomada de decisão para os vários elementos de um sistema (descentralização e internet das coisas), etc.
No final alerto para o facto de as últimas transformações terem sido muito rápidas e difíceis de acompanhar. Na verdade, desde a introdução dos microprocessadores, decorrentes da invenção do transístor de silício, passaram poucos mais de 47 anos. A aceleração dos últimos 5-10 anos tem sido vertiginosa, conduzindo a alterações tecnológicas que, apesar das grandes vantagens, têm colocado uma enorme pressão no emprego e nos salários. A Alemanha, por exemplo, está a investir cerca de 40 mil milhões de euros por ano na Indústria 4.0 (até 2020, aumentando para 60 mil milhões por anos de 2020 a 2025), num programa nacional muito ambicioso que pretende ter, até 2025, perto de 100% de digitalização na indústria, 13% de redução de custos, 18% de melhoria na eficiências, etc.
O objetivo da minha apresentação não é o de recomendar parar ou desacelerar o desenvolvimento tecnológico. Isso seria impossível (seria como tentar para as ondas do mar com as mãos) e totalmente indesejável, mas antes alertar para a necessidade de pensar nos aspetos sociais, pois a velocidade a que têm ocorrido não dará tempo aos setores e pessoas menos competitivos de acomodarem, sem enormes danos, os respetivos impactos.
Realiza-se no próximo dia 16 de Novembro o I Congresso Nacional de Consultores. O local do evento é o Auditório do MillenniumBCP em Lisboa (Rua do Ouro, 130, Lisboa).
Pode encontrar mais detalhe sobre o evento no programa abaixo, bem como nos seguintes endereços na internet:
Pessoalmente participarei na 2º sessão dedicada a uma Visão para 2030, com uma comunicação intitulada “Indústria 4.0: as oportunidades, os desafios e o impacto social“.