A Associação de Consultores de Investimento e Inovação de Portugal organizou em Lisboa, no Auditório do Banco MillenniumBCP, o 1º Congresso de Consultores, no qual tive o enorme prazer de participar. Apresentei um tema que me tem preocupado nos últimos tempos: o impacto social das transformações tecnológicas que estamos a observar e que, genericamente, designamos como 4ª revolução industrial.
A minha apresentação faz uma breve revisão das várias transformações tecnológicas que verificamos desde a 1ª revolução industrial (1740) até aos dias de hoje. São cerca 277 anos vertiginosos, que nos conduziram de uma economia rural até a um mundo que caminha a passas largos para a total digitalização, para os sistemas embebidos que procuram ligar-se em rede e oferecer serviços avançados (sistemas ciber-físicos), para as máquinas com capacidades cognitivas, para a distribuição da capacidade de processamento e tomada de decisão para os vários elementos de um sistema (descentralização e internet das coisas), etc.
No final alerto para o facto de as últimas transformações terem sido muito rápidas e difíceis de acompanhar. Na verdade, desde a introdução dos microprocessadores, decorrentes da invenção do transístor de silício, passaram poucos mais de 47 anos. A aceleração dos últimos 5-10 anos tem sido vertiginosa, conduzindo a alterações tecnológicas que, apesar das grandes vantagens, têm colocado uma enorme pressão no emprego e nos salários. A Alemanha, por exemplo, está a investir cerca de 40 mil milhões de euros por ano na Indústria 4.0 (até 2020, aumentando para 60 mil milhões por anos de 2020 a 2025), num programa nacional muito ambicioso que pretende ter, até 2025, perto de 100% de digitalização na indústria, 13% de redução de custos, 18% de melhoria na eficiências, etc.
O objetivo da minha apresentação não é o de recomendar parar ou desacelerar o desenvolvimento tecnológico. Isso seria impossível (seria como tentar para as ondas do mar com as mãos) e totalmente indesejável, mas antes alertar para a necessidade de pensar nos aspetos sociais, pois a velocidade a que têm ocorrido não dará tempo aos setores e pessoas menos competitivos de acomodarem, sem enormes danos, os respetivos impactos.
LINK para apresentação em vídeo.