Em defesa da prudência e do bom-senso

Em defesa da prudência e do bom-senso

(Artigo publicado no Público de 14 de Fevereiro de 2017)

Este texto reflete, no essencial, a intervenção que fiz numa sessão de debate sobre a Eutanásia promovida em Coimbra, em setembro de 2016, na qual tive a oportunidade de manifestar as minhas preocupações, incertezas e a angústia que este tema me provoca. Publico agora esta reflexão porque penso que se deve ter um debate muito claro, aberto e que permita defender a vida, sempre em primeiro lugar, mas também a dignidade de cada um.

  1. Este assunto da “morte assistida”, provocando a morte a pedido do paciente (Eutanásia Ativa Imediata), que eu não confundo com suicídio assistido, é um assunto que me incomoda e é em mim mesmo muito controverso. Encontro com facilidade razões que me fazem compreender e defender decisões de solicitar Eutanásia Ativa Imediata, mas confesso que também encontro com facilidade razões em sentido contrário, e me vejo assaltado por preocupações que me fazem hesitar e contemporizar. Tudo isto me deixa inquieto, faz-me perceber bem as preocupações dos outros e me sugere muita prudência e bom-senso. Voltarei a esta questão um pouco mais à frente.
  2. No entanto, defendo com convicção que há um conjunto de direitos, liberdades e garantias que assistem a todos os seres humanos, mesmo nas situações que nos deixam mais inquietos. A sua colocação em prática é merecedora de ponderação, bom-senso, sentido ético e profunda reflexão sobre o significado e valor da vida humana, por forma a obter textos legislativos que não firam os direitos individuais, mas também deixem tranquilos e confortáveis todos os outros cidadãos.
  3. Afirmo, por principio, que todos têm direito a morrer com dignidade e que essa dignidade é essencialmente determinada pelo individuo (não esquecendo que vive em sociedade e tem obrigações para com ela, mas também com a sua família e amigos), isto é, todos têm o direito de morrer em paz consigo mesmo, com os outros e essencialmente sem sofrimento. Assim como têm o direito de viver exatamente da mesma forma.
  4. Todos os adultos na posse das suas capacidades mentais, independentemente de qualquer restrição de nacionalidade, religiosa, ética, política, profissional, etc., que se encontrem num estado insuportável, relacionado com doença incurável, devem poder dispor de várias opções que lhes permitam determinar o momento e a forma como termina a sua vida sem incorrer em crime. Deve ainda ser permitido que determine, através de uma “Declaração Antecipada de Vontade”, essa sua vontade mesmo antes de se manifestarem os efeitos dessa doença: estou a pensar, por exemplo, em doenças degenerativas que removem a capacidade cognitiva, para além da física. Considero que cada individuo tem o direito de definir aquilo que considera digno, manifestando que não quer continuar vivo quando esses limites forem ultrapassados.
  5. Por princípio, considero que deve ser deixada a cada indivíduo, nas condições referidas, a decisão sobre o momento e a forma da morte, assumindo que essas decisões, devidamente avaliadas, não provocam distúrbio social.
  6. Ou seja, dizendo isto de outra forma, a vontade de um determinado individuo, nessas condições e depois de informado sobre o diagnóstico, sobre o prognóstico e sobre tudo o que a ciência e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) pode fazer para o ajudar e minorar os efeitos dessa doença (incluindo a dor), deve ser respeitada como uma expressão da sua liberdade e dos direitos-humanos de cada um.
  7. Em alguns países, na Bélgica, por exemplo, é permitido aceder a um programa de eutanásia ativa imediata em situações comprovadas de sofrimento mental insuportável que não pode ser aliviado (não responde a tratamento). Vi muitos exemplos de sofrimento deste tipo resultante de trauma pessoal, perda de entes queridos, etc., para os quais tenho muitas dúvidas sobre o enquadramento nas condições acima definidas. A existência de comissões de acompanhamento, de prazos mínimos entre o incidente que provocou o trauma e a possibilidade de enquadrar a eutanásia, etc., não me tranquilizam relativamente à possibilidade de tudo isto deslizar para abuso. Estas situações não devem, portanto, ser previstas numa eventual lei sobre este assunto.
  8. Vi outros casos de total incapacidade física, como por exemplo do caso bem conhecido de Tony Nicklinson em Inglaterra, um paciente que sofria de locked-in syndrome, uma doença degenerativa que provoca a paralisia de praticamente todos os músculos voluntários do corpo (à excepção dos olhos), nos quais considero que existem razões para enquadrar nas condições anteriores para permitir eutanásia ativa imediata.
  9. Tudo isto coloca de forma muito clara a possibilidade aterradora de processos de desvalorização da vida humana por pessoas que, apesar de estarem em sofrimento, revelam estados obsessivos que tendem a concentrar-se numa só solução, ignorando todas as outras. Isto parece ser comprovado pelos dados de crescimento muito acentuado de eutanásia na Holanda, na Bélgica, no aparecimento de casos estranhos que provocam muitas dúvidas e até relatos de situações de eutanásia que não foram documentados e que revelam alguma ligeireza. Tudo isto é muito preocupante e deve-nos fazer parar para pensar e aprender com experiências de outros países: a legislação belga, por exemplo, é muito exigente e, aparentemente, não conseguiu evitar abusos e desvios que não são aceitáveis.
  10. Apesar de tudo, estas situações podem ser resolvidas limitando o acesso a Eutanásia Ativa Imediata a doentes terminais ou com diagnóstico comprovado de doença degenerativa incapacitadora. Deve funcionar aqui a Declaração Antecipada de Vontade.
  11. Considero que a primeira prioridade em tudo isto deve ser a de garantir que o SNS e o Estado proporcionem as melhores situações de manutenção da vida, sem distanásia, recorrendo sem limitações a cuidados paliativos e permitindo a cada um a opção e a esperança de dias melhores. A primeira opção de todos tem de ser a vida e a renovação da esperança.
  12. O Estado deve sempre, e com prioridade, encorajar as pessoas a viver, permitir-lhes as melhores condições de esperança (sem limitações financeiras), mas também compreender que em certas situações, devidamente tipificadas e recorrendo à “Declaração Antecipada de Vontade”, se deve respeitar o direito de cada um a dispor sobre o momento e a forma da sua morte.
  13. As preocupações que referi anteriormente são essencialmente preocupações com vulnerabilidades que possam desvirtuar a ideia de uma “boa morte” e liberdade de opção.
  14. A primeira preocupação é conhecida como “slippery slope”, isto é, uma preocupação com o abuso, o alargamento dos casos em que a eutanásia ativa imediata é permitida e a respetiva extensão para situações dúbias. Aliás, esta preocupação é também legislativa e processual, pois muitos consideram, e a meu ver bem, que para obter uma legislação muito permissiva basta começar por uma lei restritiva, pois é mais fácil ir introduzindo alterações e mais exceções a uma lei que já existe, tornando assim progressivamente mais permissiva, do que avançar com ela de raiz.
  15. A segunda preocupação é conhecida como vulnerability risk, isto é, uma preocupação que tem por base o risco da criação de uma potencial pressão sobre os mais vulneráveis (velhos, deficientes, acamados, etc.) que os conduza à eutanásia por considerarem que são um fardo para os outros, foco de instabilidade familiar, etc. Esta é uma preocupação muito relevante que obriga a um cuidado extremo em todo o processo legislativo e de acompanhamento muito eficaz de todas as situações, punindo exemplarmente qualquer tipo de tentativa de abuso.
  16. Por fim, e como já foi referido, a Eutanásia (“boa morte”) é legal em Portugal e é praticada. A única forma de eutanásia que não é permitida é a eutanásia ativa imediata, isto é, aquela que termina com a vida por efeito de fármacos. Outras formas de Eutanásia como “deixar que a doença tome conta da vida do doente até ele morrer porque nada mais há a fazer”, ou “medicá-lo para que não sinta dor e deixá-lo morrer em paz”, são permitidas e são praticadas em Portugal. Isto é, este tipo de Eutanásia, ou de “boa morte”, é o que os bons cuidados médicos e a medicina paliativa podem proporcionar aos que lhes tenham acesso. Esta opção tem de ser garantida a todos os pacientes, sendo para mim incompreensível que se debata a eutanásia sem primeiro garantir que o acesso a cuidados paliativos é generalizado e não tem limitações de nenhum tipo.
  17. Isto significa que tem de existir garantia e cobertura de bons cuidados médicos e paliativos para todos os doentes do SNS. E essa é a primeira prioridade. A verdade é que, segundo dados da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, a taxa de cobertura varia entre os 38% e os 40%, dependendo se estamos a falar de cuidados paliativos agudos ou não-agudos, respetivamente. E isso é muito insatisfatório, pois não permite configurar essa ideia de opção e liberdade, pré-configurando situações de eventual abuso e pressão sobre os mais vulneráveis, até financeiramente.
  18. Ter uma “boa morte”, morrer com dignidade, é uma ideia consensual em Portugal.
  19. A Eutanásia Ativa Imediata não pode ser, nem isso é pretendido, uma solução para o sofrimento intolerável, mas antes mais uma opção para quem vive esse sofrimento. A opção será sempre entre um programa de cuidados paliativos, disponível em primeira opção, e a eutanásia ativa imediata para situações de sofrimento e perda de dignidade de vida para aqueles que conscientemente optarem por isso.
  20. O receio sobre a prática da distanásia não pode ser argumento para Eutanásia Ativa Imediata. Na verdade, a distanásia pode perfeitamente ser resolvida com a Declaração Antecipada de Vontade. Faz parte integrante de um processo legislativo sobre Eutanásia que a assumpção clara de que o direito a recusar distanásia é absolutamente elementar.
  21. Cada indivíduo tem o direito de dispor sobre a sua vida. No entanto, e sem prejuízo disso mesmo, é necessário distinguir muito bem a capacidade para tomar essa decisão. Os mecanismos de verificação dessa capacidade devem estar bem definidos e devem ser alvo de acompanhamento.
  22. Considero com toda a convicção que o “direito inalienável à liberdade” se aplica em matérias de proteção da vida.
  23. O processo legislativo deve prever mecanismos, com comissões de acompanhamento em cada hospital, que impeçam todo o tipo de abuso.
  24. Todos os hospitais devem ter condições para cuidados palietivos e devem acompanhar todos esses doentes, criando “comissões de cuidados paliativos”, até porque é necessário: a) informar e fazer pedagogia sobre os cuidados paliativos; b) combater a distanásia; c) promover o acesso generalizado aos cuidados paliativos.

Consequentemente, debater este assunto tem de ser feito com ponderação e bom-senso. Não é, nem deve ser, uma bandeira política de nenhum partido ou organização política. É um assunto angustiante que mexe com as nossas convicções, com aquilo em que acreditamos e com a forma como encaramos a vida. Merece a serenidade da reflexão, a compaixão pelo sofrimento dos outros, mas essencialmente, merece o nosso envolvimento firme – percebendo que é necessário agir – para com a liberdade e o inabalável respeito pela dignidade de vida de cada um. Sem certezas absolutas, sem radicalismo, sem conservadores versus progressistas, com prudência e muito bom-senso. Espero, com sinceridade, que este seja o início de um debate que precisa de tempo e do envolvimento de todos para poder ser profundo. Considero, por fim, que qualquer decisão sobre este assunto deve ser tomada no parlamento, eventualmente na próxima legislatura para dar tempo aos programas políticos de refletirem posições sobre este assunto, e não deve ser alvo de nenhum referendo, o qual tenderia a radicalizar posições e a incluir populismo numa decisão que deve ser serena e ponderada.

Por favor não contribuam para um estado de loucura

Por favor não contribuam para um estado de loucura

(artigo publicado no Jornal Público de 24 de novembro de 2013)

Li estupefacto a notícia sobre o corte de relações entre as Universidades e o Governo.

Já tinha dito isto várias vezes e repito: muitos dos que nos governam, e muitos dos que nos querem governar, passam a vida com os olhos no passado, ignoram o presente e não têm uma ideia de coletivo, necessariamente de longo prazo, vivendo num desesperante curtíssimo-prazo concentrados no centro geométrico do seu próprio umbigo. Não pode ser esse o caso das Universidades, do Ensino superior e da Ciência.

Espero muito mais das Universidades, dos Reitores e do Ministro. A solução não pode ser deixar de conversar, não apresentar razões e forçar decisões, cortar relações ou, sequer, fazer qualquer tipo de pressão deste tipo. Portugal precisa de conversar e debater o que quer para o futuro. Sem dogmas e sem verdades feitas. Tem mesmo de repensar a sua vida. E isso faz-se falando, discutindo, confrontando argumentos, envolvendo a população.

Cortar relações é um comportamento inaceitável a este nível.

Não esclarecer ou não clarificar devidamente, as vezes que forem necessárias, as razões de uma medida, mesmo que seja de emergência, é também incompreensível.

Não debater, envolvendo todos, é repetir no erro.

Qual erro?

O erro que temos vindo a perpetuar.

Tudo em Portugal é feito em circuito fechado. Com uns quantos, tidos como elites em cuja sabedoria é suposto que confiemos. E tem sido assim, sempre assim. Mesmo quando verificamos que as elites nos lixam, e pensam é nelas, nos seus grupos de pressão e na interminável lista de “compromissos” que foram colecionando. Mesmo quando, finalmente, verificamos que aquilo que “idealizam” não tem nada a ver com a realidade, a tal que eles nunca conheceram devidamente porque nunca se preocuparam com isso, mas sobre a qual teorizam e decidem, até porque nós também falhamos com o nosso espírito crítico e embarcamos nas facilidades do momento. Mesmo quando verificamos que não são, em muitos casos, elites nenhumas, quer porque são muito novos, ou não sabem nada, ou não têm experiência, ou não têm cultura democrática, ou porque são egocêntricos, ou porque são tudo isso ao mesmo tempo, ou, infelizmente, porque as suas atitudes mostram que não passam de meninos/meninas grandes que nunca cresceram e não têm a dimensão humana, cívica, cultural, de Estado que se exige a quem tem de estar sempre, mas sempre, com os olhos postos no horizonte.

Dizem-nos depois, quando as coisas correm mal, que é preciso MUDAR, deitar fora e fazer de novo, porque afinal estava mal, estava errado, não foi bem pensado. E iniciam um processo interminável de apontar o dedo e enjeitar responsabilidades.

Da minha parte estou farto disto.

Não aceito que mexam uma vírgula na Constituição Portuguesa sem debate, sem envolver todos, sem uma forte mobilização do país.

Não aceito que comprometam mais, e ainda mais, o futuro deste país sem um amplo debate nacional sobre o que queremos ser, para onde queremos ir e sobre as opções reais que temos.

Não aceito verdades feitas, nem factos consumados.

Não aceito que uns garotos, sem mundo e sem vida, me digam que só há um caminho. Eu sei, de vida feita e experiência vivida, que há sempre vários caminhos. E várias consequências e vários riscos.

Por isso, espero dos Reitores, da Universidade e do ministro Crato um comportamento exemplar que tenha sempre, mas sempre, a porta do diálogo escancarada.

Por favor não contribuam para um Estado de Loucura.

O que todos neste processo têm pela frente é um enorme e doloroso desafio. Que têm de enfrentar, reorganizando, tornando mais eficiente e diversificando fontes de financiamento. Colocar esse desafio, de forma correta e contratualizada, é a obrigação do Governo que sabe muito bem que tem na Universidade, e na sua capacidade de inovar e de, efetivamente, mudar, um dos seus maiores e melhores motores.

Espero do ministro Crato esse desafio, proposto, negociado e contratualizado olhos-nos-olhos com as Universidades e o país. É agora o momento.

Professor Universitário

Desenvolvimento e esperança no futuro

Desenvolvimento e esperança no futuro

(Artigo publicado no Público de 9 de Abril de 2012)

Li com perplexidade dois textos recentes sobre o papel das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) no planeamento e desenvolvimento do país. Estou a falar de uma entrevista concedida pelo presidente do Instituto do Território (IT), Rogério Gomes, ao jornal PÚBLICO (13.02.2012) e um artigo de opinião de Pedro Santana Lopes (ex-primeiro-ministro) publicado no jornal Sol (20.02.2012). Não teriam nenhum interesse, dada a ausência de fundamentação, se não fossem de uma gravidade extrema: “as CCDR são hoje um obstáculo ao desenvolvimento”, “tudo ali cai, tudo se atrasa, os processos são obscuros, o incumprimento de prazos é generalizado”, “as CCDR não têm capacidade de gestão dos fundos comunitários…”, etc.

As CCDR, e escrevo com conhecimento de causa, são constituídas por equipas de profissionais dos mais qualificados da administração pública, sendo consideradas pela generalidade, senão pela totalidade, dos agentes locais e regionais, como motores de desenvolvimento eficazes e respeitados. Na verdade, as CCDR tiram partido das relações de proximidade e conhecimento do território para dinamizar e mobilizar os agentes locais no desenvolvimento de projetos em colaboração que exploram sinergias, aumentam a coesão e resolvem os problemas das populações. Nessa perspetiva, e tendo em conta um determinado modelo de desenvolvimento regional, as CCDR são o local certo para gerir fundos comunitários dedicados ao desenvolvimento regional, à competitividade, aos recursos humanos, à valorização de território e à coesão.

E fazem-no com eficiência? Respondo com dados concretos relativos à CCDR Centro (CCDRC): apresenta resultados de execução (~40%) e de compromisso (~85%) de fundos de comunitários alinhados com a média nacional, e tem conduzido operações de limpeza e de reprogramação desde o início do quadro comunitário, como se esperaria de um bom gestor. Para além disso, iniciou em 2012 a avaliação pública dos investimentos feitos, realizando sessões de apresentação de investimentos e impacto por sub-região (verwww.ccdrc.pt).

Acresce que não conheço na CCDRC nenhum caso obscuro, atrasado, ou em incumprimento. É uma acusação inaceitável, por não ter o menor fundamento. Antes pelo contrário, a CCDRC pauta a sua atividade pela transparência de processos, cumprindo prazos e imprimindo à sua atividade a urgência que a vida dos nossos tempos exige. Disso são testemunha os agentes políticos, económicos e sociais da região. A máxima da CCDRC, assim como de todas as CCDR, é a de trabalhar com todos os agentes da região, aconselhando, sugerindo caminhos de ação, encurtando prazos e agilizando processos, no estrito e rigoroso cumprimento da lei. As CCDR são, nessa perspetiva, mais do que centros de reflexão; são motores de promoção e desenvolvimento regional, trabalhando para uma efetiva cooperação intermunicipal que permitem maximizar as mais-valias resultantes da coordenação da ação dos vários agentes da região. Os centros de ação não se anunciam, mas são antes a consequência dos resultados obtidos.

As CCDR devem ainda contribuir para um modelo de descentralização eficaz, isto é, que tenha por base uma efetiva coordenação de ações e que seja construída passo a passo, procurando resolver os problemas de coesão e assimetria das várias regiões. Nisso, mais uma vez, a CCDRC é também eficaz. Foi capaz de organizar e aprovar o Programa Regional de Ordenamento do Território [do Centro] (PROTC), trabalha em proximidade com freguesias e municípios, aconselhando e dando assistência com PDM, finanças, aspetos jurídicos, etc. Produz informação regional que sistematiza a atividade da região, pois sabe que a informação é crítica para uma boa decisão e/ou opinião. Nessa perspetiva, é muito importante referir o DataCentro, o Boletim Trimestral e as várias publicações temáticas e setoriais que produzimos.

Na CCDRC estamos a preparar o próximo quadro comunitário, começando, justamente, por estudar qual a melhor organização sub-regional que permitirá ser mais eficiente na captação de fundos comunitários que ajudem a desenvolver de forma mais rápida e eficiente a região que servimos. O Horizonte 2020 exige uma reorganização das sub-regiões NUTSIII, ganhando dimensão, o que queremos fazer com propostas tecnicamente bem fundamentadas.

As CCDR só servem para complicar? Não, se queremos um desenvolvimento sério, equilibrado e bem sustentado. Agora que complicam a vida de certos artistas, lá isso complicam. E ainda bem.